quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Novo hit português

António Almeida, no Diário Económico, escreveu que "Em democracia, ter opinião é mais uma obrigação do que um direito. Não ter medo de dizer alguns disparates não representa um acto de coragem. O que não ajuda o país são os silêncios de conveniência".

Nunca tive feitio para me calar convenientemente, os que me conhecem costumam apelidar-me de mau feitio, mas confesso que pensei várias vezes antes de escrever sobre aquilo que vou escrever: Relvas, ISCTE e Grândola Vila Morena.
Li opiniões, comentários e insultos nos mais variados meios de comunicação portugueses e a verdade é que estou a meio caminho (talvez faça mesmo parte da zona cinzenta onde tanto detesto estar). A questão é que não consigo (por mais que tente) ter uma só opinião, ver só um lado, porque acredito na liberdade de expressão e sou contra a violência organizada, ao mesmo tempo, defendo que a estupidez gratuita e a falta de bom senso deveriam ser punidas de alguma forma maravilhosamente imaginada.

Relvas é um erro de casting, continua a fazer parte de um governo cada vez mais desfragmentado e o sorriso que teimosamente exibe deixa-me com os nervos à flor da pele. A TVI, por seu lado, continua a dar espectáculo, daquele que o povo português adora ver, comentar e falar. Aqui entra a estupidez gratuita: ora, um ministro que tem um licenciatura dúbia, que tem mais piadas escritas sobre si do que o mais palhaço dos palhaços, é nada mais nada menos, convidado a falar numa conferência sobre jornalismo - uma conferência, numa faculdade carregadinha de alunos fartos. Fartos de ali estarem sem saberem para onde vão a seguir.

Os insultos, os berros, a perseguição dos estudantes fez-me ter vergonha. Este movimento "que se lixe a troika" conseguiu que Grândola Vila Morena voltasse aos hits portugueses mas a falta de civismo vai lixa-los e eles, é este o efeito boomerang.

Sinceramente não me preocupa a popularidade de Relvas e menos ainda as audiências da TVI. Preocupa-me o que vem a seguir: manifestações, mais, maiores e mais feias, e um governo que está como eu, a meio caminho, nem no branco nem no preto.






3 comentários:

  1. Não querendo desfazer o senhor, eu disse (quase) tudo isso em duas frases. Vai-se a ver até sou bem sintética.
    Só não comentei, embora tivesse pensado sobre o comportamento dos universitários. E comento agora: Pró e contra.
    Em tempos os estudantes universitários eram, seriam as grandes mentes do país. Eram líderes de manifestações, de revoluções mas, digo eu, com ideologias fundamentadas.
    Hoje em dia, o espírito de somos "nós" que vamos liderar o país, temos uma palavra a dizer, somos os pensadores do país está enraízado. As ideologias, essas... vêm do facebook (figurativ.)

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    1. Ideologias, descrédito total, falta de informação... A sensação que tenho é que nos agarramos a qualaquer coisa, sem nos agarrarmos exactamente a nada. Este movimento, "que se lixe a troika", é organizado/encabeçado pelo PCP. Jerónimo de Sousa vai fazer umas visitinhas por agora: começa pela China, depois Vietname e segue para o Laos. Todos países com partido único. Não sei qual a solução para voltarmos a acreditar na nossa política e nos nossos governantes, mas tenho a certeza que este não é o caminho.

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    2. Ahhh, então é para isso a taxa extraordinária! (Brincadeira). Eu também iria a esses países, fosse com que desculpa fosse, com partido único, com ditadura, com democracia, com caos (bem, com caos talvez não). Infelizmente, não posso ir com o dinheiro dos contribuintes nacionais. :(

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