segunda-feira, 18 de março de 2013

A bofetada depois do fim de semana

Durante o fim de semana fui prestando alguma atenção às notícias mas confesso que deixei de parte a minha mania obsessiva de ler tudo quanto se passa em qualquer canto do mundo.
Achei que devia relaxar, que economia e política deviam passar para plano secundário e que o meu tempo livre seria para me distrair com tantas outras coisas que a companhia da minha prima e da cidade de Lisboa me poderiam, com toda a certeza, dar.

Fui ouvindo umas coisitas sobre o discurso do Gaspar, outras do Chipre, soube que o F.C. Porto empatou, que o Benfica ganhou, que o Real Madrid ganhou. Mas confesso que andei alienada e a única informação que eu deixava que chegasse até mim era pelas "gordas" dos jornais que ontem vi no aeroporto e os títulos dos posts no Facebook dos meus amigos mais indignados.

Confesso que me soube bem, estive perto daquele estado: quem não vê é como quem não sabe. Mas, se pudesse voltar atrás, não teria feito o mesmo, porque hoje decidi ler tudo quanto havia para ler e levei uma bofetada enorme. Tudo ao mesmo tempo, assim, sem dó nem piedade:

- os Ministros das finanças da zona euro decidem que sim, que impor uma taxa sobre todos os depósitos existentes nos bancos do Chipre, estava bem. Hoje está prevista a votação para os vários impostos extraordinários: 3% para quem tiver menos de 100 mil euros (em vez dos 6,7% previstos) e 12,5% para os que têm mais de 100 mil euros (em vez dos anteriores 9,9%). O presidente cipriota diz que escolheu a maneira menos penosa e que assume tudo o que puder vir daí.

- Gaspar já não sabe a quantas anda, o desemprego vai subir, a divída pública vai atingir valores históricos, o défice oscila entre os 4,9% e os 6% dependendo a quem se destinam os números. Mais austeridade, mais esforços e menos credibilidade a este ministro que desconfio, já não sabe a quantas anda. Depois de anunciar, bem lá ao longe, que 2 anos de austeridade chegavam, e que os esforços feitos por todos, iam compensar, Portugal continua afundado, sem ver uma forma de sair deste buraco enormesco. Citando Marcelo Rebelo de Sousa, Gaspar "parece um astrólogo" e chumbou o ano perdendo "larguissimamente a credibilidade"

- Seguro falou hoje em Castelo Branco, falou mas na verdade não disse nada: "chegou a hora da mudança", "este país só muda se mudarmos de política". Este jogo de ping pong entre partidos políticos, entre vozes de contestação e vozes de verdade, vozes de seriedade e promessas bem longinquas só com aparência no tempo são já piadas gastas. E sem graça nenhuma.

Como diria Aldous Huxley "rebolar no lodo não é, com certeza, a melhor maneira de alguém se lavar."

5 comentários:

  1. Minha querida Nãnã,

    É assustador!

    Beijinho

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  2. A falta de transparência por parte do Governo tem sido a grande fonte de alimentação do tal Inverno de que há dias falamos.
    "É só mais um bocadinho." "É só mais um tempinho." E parece nunca ser suficiente. "Vamos por ali." Afinal vamos por acolá." E parece que ninguém sabe quer chegar. Na verdade, cada vez que falhamos um prazo ou um objectivo, e nos dizem q afinal temos de cortar mais um bocadinho de pele, a dor vai-se agudizando como quem remexe em tecido ainda mal cicatrizado.
    Fossem claros e verdadeiros sobre a situação, mostrassem-nos a verdade dos factos, apresentassem o objectivo e o caminho a seguir e os devidos resultados. Parassem de tratar o povo português como povo analfabeto (se ao menos os cérebros parassem de emigrar).
    N ouvi falar de grandes manifestações na Islândia, ouvi falar de esclarecimentos e atitudes e julgamento dos culpados. Não sei se vamos ouvir o grito dos cipriotas, pois a verdade é q quando o traumatismo é grande, o organismo inibe a dor. A gravidade é demasiado perceptivel para ser necessária activar a dor. Quando muito entramos em choque para nos proteger.

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    1. Parece-me que estamos num estado de descrédito total. Ontem, na entrega de prémios Montros do ano, organizado por Fernando Alvim - o choque e o humor podem andar de mãos dadas - teve um protagonista: Passos Coelho é o monstro debaixo da cama. A diferença entre este e os que nos assustavam quando eramos crianças é que este existe mesmo, e está sempre pronto para saltar.
      Os cipriotas estão a tentar chegar a algum lado, os nossos governantes dizem que é impossível que isto aconteça em Portugal. Esperemos que não venha o Ulrich dizer que se o Chipre aguenta, nós também aguentamos.

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  3. A o trio do governo "Rabbit, Casper e o Weeds" são maus, maus porque não sabem o que fazem, maus porque não cumpriram com o que disseram, maus porque não têm força para negociar com a União Europeia e acima de tudo porque não obtêm resultados positivos depois de tanto tempo de austeridade. Salvo que alguém me tente convencer de que o aumento do desemprego, a descapitalização do pais, a crescente emigração vs o resultado do deficit que ninguém sabe bem qual é seja um governo com missão cumprida. Julgo que não.

    A nova medida anunciado por este trio é não renovar 30.000 contratos na função pública. Pois é meus amigos, isso já devia ter sido feito a muito tempo. O estado nunca devia ter engordado tanto, mas este pequeno detalhe já não é culpa deste governo

    No entanto o "Seguro" e a sua tropa de elite, entre eles o seu antigo presidente e famoso Filosofo conseguem ter menos credibilidade que o trio Odemira que temos no governo, com os todo os meu respeito por Odemira.

    A nossa triste realidade foi mesmo escolher o melhor de dois males. é assim a Politica em Portugal, Espanha, Itália, Grécia, cheia de gente sem ideias, cheia de inúteis incapazes de solucionar os problemas que se criaram no passado, incapazes de conseguir que os bancos voltem a financiar as empresas, incapazes de dar a volta á Tortilha.

    Recordo-me quando estudava história Portuguesa ter de procurar no dicionário (não havia Internet) o sinónimo de Político, tenho a certeza que os alunos que hoje estudam história não têm a mesma opinião. Sinónimo de político... é melhor ficar por aqui.

    É triste Portugal, é triste a situação em que estamos, é triste ver amigos sem emprego ou ver amigos sem capacidade de refazerem a sua vida porque ficaram desempregados com 40 anos e não conseguem sequer uma entrevista. É triste esta Europa comandada por uma Alemanha que finalmente esta a conseguir o seu objectivo depois de duas guerras mundiais. é triste ver como nos vergamos perante tamanha corrupção, é triste Portugal, é cada vez mais triste o nosso pequeno canto da Europa...

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    1. Para continuar com a personificação musical, escolheria a musiquinha dos deolinda
      Está tudo em ruínas, não?
      Não há renovação!
      Ninguém se inquieta,
      tudo embrutece,
      está tudo inquinado pá.
      Não temos salvação,
      e esta conversa já me aborrece,
      e ...

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