quinta-feira, 7 de março de 2013

Os Roteiros -silenciosos- de Cavaco Silva

O Presidente da República anunciou hoje que, no próximo dia 9, vai divulgar o texto do prefácio Roteiros VII. Diz-nos, na sua página do Facebook, que "o prefácio diz respeito ao modo como deve actuar um Presidente da República em tempos de grave crise económica e financeira, como aquela em que Portugal tem estado mergulhado nos últimos anos". - talvez conseguir não hastear a bandeira nacional ao contrário deva ser a dica número um.

No seu último roteiro ajusta contas com Sócrates pela "falta de lealdade institucional": o ex primeiro ministro esqueceu-se de avisar o Presidente da República antes de anunciar o PEC IV, que é como quem diz, e desculpem-me desde já a expressão popular, o corno é o último a saber.
Ainda em Roteiros VI podemos ler que "O Presidente da República pode exercer a sua magistratura de influências para que sejam encontradas soluções governativas estáveis e coerentes (...)" e ainda que "Acima de tudo, assumi um compromisso de proximidade com todos os cidadãos, sou presidente de Portugal inteiro, de todos os portugueses, sem excepção (...). Sei as dificuldades que atravessamos, mas tenho também presente as enormes potencialidades de que Portugal dispõe. O nosso maior potencial é humano. O nosso maior potencial são os portugueses, especialmente os jovens - os jovens que não se conformam, que aspiram a um futuro melhor."

Vai escrevendo, o nosso Presidente, para que não lhe faltem as palavras. Para que se continue a lembrar que o chefe de estado é também eleito pelo povo, que o chefe de estado, mesmo sem funções executivas directas tem de exercer um papel político activo. Não só lá atrás, não só debaixo da cortina, mas perante todos.

Não sei exactamente o que vai Cavaco Silva escrever mas, relembrando o seu último roteiro, vai continuar a ficar pelas palavras escritas e pela política de silêncios,"é mais sensato e responsável" dirigir-se directamente ao governo porque, como diz "o protagonismo mediático do Presidente da República é inversamente proporcional à sua influência".

Esta política de toca e foge, a sua insustentável forma discreta de ser , e a passividade com que diz e desdiz...
Eu peco por excesso, Cavaco Silva, por defeito.


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