segunda-feira, 15 de abril de 2013

As minhas pessoas

Quem vê Anatomia de Grey desenfreadamente como eu, consegue perceber o título deste texto. Quem não vê, eu passo a explicar: no meio de tanto protagonista, de entradas e saídas desta série, há duas personagens que se mantém desde o início. Christina e Meredith são duas amigas que de "aparentemente normais" não têm nada: diferem em absolutamente tudo mas, verdade lhes seja concedida, têm uma amizade para além do normal e são "a pessoa uma da outra".
Em linguagem anatomia greyriana isto basicamente significa que se escolheram como irmã uma da outra. Aquele género de amigos, que temos, que são família, que são famíliagos (não sei se faz muito sentido mas é uma espécie de palavra que mistura família e amigos), escolhidos por nós.
Não conheço assim tantas coisas tão deliciosas como estas.

Conheço muita gente. É verdade. Conheço gente que é a minha gente e gente que passou por mim naqueles momentos estranhos, inusitados com um bocadinho de inesquecível nisso.
E depois conheço a minha gente, as minhas pessoas. E devo dizer que já não lhes posso chamar amigos, já não posso. Porque essa palavra não é nem metade daquilo que eu quero que seja. As minhas pessoas não são os amigos "com quem estive no outro dia", as minhas pessoas não são os amigos que vou conhecendo mas que vão, por tantos motivos, encolhendo, desaparecendo. As minhas pessoas não são só as pessoas de há 15 anos, são as de hoje, são as de ontem e as do minuto que passa agora mesmo.

Descrever, medir, pensar uma amizade é difícil. Porque é mais ou menos como o amor da nossa vida mas que nunca, nunca, desaparece. Partilhamos memórias, segredos, sorrisos abertos, gargalhadas, parvoíces. Às nossas pessoas contamos o que sempre juramos que nunca contaríamos a ninguém. Não existe o medo parvo de sermos ridículos, não existe o medo da crítica que destrói porque no lugar disso está o "eu avisei-te" construído, carinhoso, adulto que anda sempre de mãos dadas com o "aviso-te as vezes que forem necessárias".

Para mim, as minhas pessoas, não são passageiras, não são de fases. Não preciso de tempos, de re-pensamentos, de boas ou más disposições. Com as minhas pessoas sou eu, de feitio difícil, cheia de razōes que nem a razão conhece, de maus acordares, de desespero auto infligido por café, de perseguição ao chocolate, de lágrimas desaparecidas mas que estão aí.

Conheço, de facto muita gente, mas tenho muito poucas pessoas. Ou tenho pessoas na medida devida. Porque demais também é exagero. Por certo.

2 comentários:

  1. Meredith e Christina, entre desastres de aviao (ups para quem nao viu ainda) crises, discusao, divergencias e caminhos diferente se mantem a pessoa uma da outra!!
    Sim sim, como eu e voce... e td o referido (do mau humor bla bla bla) e verdade, mas sem td isso nao eras tu, nao serias a minha pessoa!!
    que lindooooo so nao sei pq nao esta o meu nome num rtag grande e a negrito!!!!!! lool

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  2. Nãnã,

    Muito bonito, com toda a verdade.
    Beijo grande

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