domingo, 14 de abril de 2013

Não é fácil ser português.

A sensação que tenho é que nos deixaram aqui. Deixaram-nos com a mesma graça com que chegamos. Fomos imensos, fomos grandes mas deixamos de ser. Deixamos de poder ser.
Sempre que vejo, penso e revejo a história de Portugal, a sensação que tenho é a mesma, como dizia Saramago " multa cagança, muita cagança, e para quê?".

Não é fácil ser português. Não é fácil ser português em Portugal, mas é muito mais difícil ser português fora de Portugal. Sempre perguntam "e como andam as coisas?", com um ar pesaroso, sem grande interesse na pergunta por saberem a resposta. Não é fácil ser português, no meio de políticas impraticáveis, de primeiros ministros emigrados, de primeiros ministros que nos largam para governarem uma Europa maior que se vai desfazendo aos bocados.

Não é fácil ser português porque podíamos ter sido o maior país do mundo mas não somos. Porque ninguém acredita que a história se fez história porque um dia, algures, existiram uns tais portugueses que transformaram o mundo, uns tais portugueses que delinearam o mapa com a exploração marítima, uns tais portugueses que tiveram o primeiro império global de toda a história, uns tais portugueses que chegaram à América e que chegaram à Índia.

Aqui, em Espanha, as coisas vivem-se de forma diferente. Ou pelo menos eu sinto de forma diferente. É que para nós, portugueses, Portugal é o pior país do mundo. Para eles, espanhóis, isto da crise é passageiro. As bandeiras continuam nas janelas, os políticos continuam a ser corruptos e o rei está nesse limbo que o permite ser adorado e detestado de uma forma equivalente.
Para nós, isto "já não tem remédio". E seguimos teimosamente as palavras de Eça de Queiroz quando dizia que esta era a pior crise de sempre (em 1872). Para nós, Portugal está perdido, escondido, amedrontado, sem volta a dar.

Não é fácil sermos portugueses porque nos criticamos e nos amamos, tudo isto ao mesmo tempo. Tratamos o nosso país mais ou menos como tratamos a nossa família em altura de crise. Somos os primeiros a criticar, a soltar os mais portugueses palavrões e a enumerar cientificamente o que está mal com postura de soldado e ordens irrealistas. Porque somos os primeiros a criticar mesmo que nem sequer percebamos bem o que estamos a dizer. Mas no momento em que vira o jogo, em que as opiniões de quem não é português se soltam, corremos a desmentir e a engrandecer o mar, as gentes hospitaleiras, o cozido, o bacalhau, a doçura, e o grande país que podíamos ter sido mas que afinal não somos.

Não é fácil ser português porque passamos metade da vida a não querer o que temos e a outra metade a jurar que não o trocaríamos por nada deste mundo.

2 comentários:

  1. hehehe taooo verdade!!! mas quando emigramos passamos a ter orgulho portugues, para mim pelo menos o pais onde nao me imagino a viver, pelo menos para ja com muita pena minha, de onde zarpei a procura de um futuro melhor, deixa uma saudade imensa, uma lagrima no canto do olho em cada pensamento, saudade e a nossa palavra, e como a usamos bem!
    Agora anseamos pelo dia da volta, dos abracos, do cheiro do mar e do cafe, onde todos falamos a mesma lingua!!
    Agora so anseio pelo dia em que entro no aviao e sei que vou abracar quem me faz falta!
    Nao sou, nunca fui, nacionalista, mas dou por mim a falar do special one, do cr7, da boa comida e costa que temos e a convidar todos que cruzam o meu caminho a visitar o maravilhoso portugal.
    Sem duvida um amor odio...nao consigo viver nele, mas tambem nao o deixarei nunca!!!
    BAIXOLAS..... tic tac tic tac..... tuga land, as meninas vao abalar a cidade!!!!!!!!

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