quarta-feira, 24 de abril de 2013

Ontem foi dia de palhaçada

Ontem foi dia de regressar. De fazer a mala, almoçar e ir para o aeroporto. Mas desta vez foi um bocadinho diferente.
Sou defensora da Ryanair, sempre fui. Não atrasa, faz-me subir e descer escadas mas sempre achei que, para mim, era positivo. E a verdade é que em tantas viagens que já fiz nunca tinha tido um único problema. Até ontem.

O avião atrasou. A viagem passou das 15:35 para as 19:25. Sem balcão de atendimento as informações que nos davam eram torcidas: os senhores da Portway estavam chateados, irritados por querermos saber. Uns mandavam-nos passar a segurança e esperar, outros diziam-nos que só tínhamos que regressar as 17:30 mas não nos davam a certeza de nada. Responsabilidade ping pong, de uns para outros. Se quiséssemos fazer uma reclamação "que provavelmente não iria dar em nada" tínhamos que mandar um fax, para Dublin, em inglês. De resto não sabiam mais nada.

Depois de horas que pareciam intermináveis, à espera, para ter a certeza que não perdia o avião, passei pela segurança, e decidi comprar uma carteira na Parfois. Quando paguei perguntei se podia embarcar com o saco, a menina disse-me que sim.
15 minutos depois, enquanto esperava, vem uma funcionária da Portway ter comigo (não estava em fila nenhuma, estava no corredor, e ia voltar a sair para fumar um cigarro) e diz-me "vai ter dois problemas. Não pode embarcar com esse saco e muito menos com a carteira que tem a tira colo". Confesso que o meu humor estava pelas ruas da amargura. Depois de lhe ter mostrado a factura da carteira, de lhe ter dito que tinha perguntado na loja se podia ou não voar pela Ryanair com aquele saco, perguntei-lhe se tinha a certeza absoluta do que me estava a dizer. Disse-me que sim. E foi um sim de gozo.
Subi as escadas chamei a responsável de loja que desceu comigo enquanto me dizia "isto nunca me tinha acontecido".

Sorte ou não, entre discussão e teimosia - minha, da funcionária da Portway e da funcionária da Parfois - aparece a responsável da Parfois que ia no mesmo vôo que eu, a dizer que tem um email da ANA a informar que os passageiros podem embarcar com um saco de qualquer loja do aeroporto para além da mala de mão.
A funcionária da Portway insistiu, de uma maneira mal educada, chata, irritante que não: a Ryanair e a Easy Jet têm leis diferentes e só permitem um volume ou sacos daqueles de plástico de duty free, das outras lojas não. E que eu, ao comprar um bilhete, estou a assinar um contrato, e que tenho que saber as regras. Questionei: as regras da ANA ou as da Ryanair?

A responsável da Parfois, a quem estupidamente não perguntei o nome, dizia-me que não me preocupasse, que lhe desse a minha morada em Espanha e que a carteira ia ter comigo. Disse-lhe que não, agradeci mas não. Sou teimosa, Carneiro, e detesto que estes "pequenos poderes" sejam significado da palhaçada que aconteceu ali.

Desceu a responsável da ANA. Afastou-se com a funcionária da Portway. Eu via gestos e telefonemas de um lado para o outro. 20 minutos depois vieram as duas e informaram-me que podia embarcar com a carteira. Primeiro a da Portway disse-me que ia abrir uma excepção, depois a da ANA, disse-me que o podia fazer sempre e que não me preocupasse porque "esta funcionária cada vez mais nos dá problemas".

Quando lhe perguntei o nome - à funcionária da Portway - responde-me muito indignada "vai fazer queixa de mim?". Pois, sim. Porque também eu estava ali há horas intermináveis, porque fiquei sem fumar um cigarro, porque me veio chatear sem sequer saber em que vôo ia, se me ia apetecer despachar a mala ou se ia dar aquela carteira a quem bem me apetecesse naquele aeroporto. E porque se não gosta do que faz, se não quer, conheço tanta gente que quer. E que o faria vinte vezes melhor.

1 comentário: