domingo, 26 de maio de 2013

Honra amargurada

Semi, semi e semi. Pois. Andamos por aí de semi em semi. Semi-despedimentos, semi-cortes, semi-juros, semi-défice, semi-crise. Semi-país. E semi-presidente. Com esta história toda do palhaço para aqui palhaço para ali, Cavaco Silva fez a mudança, de sem-presidente para semi-presidente. 
Calado, quieto, com poderes do quase-homem-que-consegue-ser-invisível a meu-Deus-como-puderam-chamar-me-palhaço.

Não é que veja quaisquer semelhanças, nenhumas mesmo. O palhaço é por definição o bobo, o que faz rir, que descontrai, que ganha a vida a ver os outros sorrir com as palhaçadas mais ridículas que nos podemos lembrar. E Cavaco Silva está longe de conseguir protagonizar esse papel. Talvez um mimo, sim, um mimo parece-me mais acertado. Daqueles que vemos nos semáforos, com a cara pintada de branco, lágrima no canto do olho, sem expressão, à espera que, por um milagre, alguém dê uma ajudinha.

Claro que Miguel Sousa Tavares abusou. E sabe que abusou. Mas é o Miguel Sousa Tavares! Aquele que gosta da polémica portuguesinha: critiquem, digam bem, mas falem, falem minha gente. É que também é preciso entender que a venda de livros em Portugal desce vertiginosamente e um escritor também precisa de dinheiro para viver, não é cá só palavras e iluminações nocturnas - essas não dão de comer a ninguém.

Isso da ofensa à honra é susceptível e aberto a discussão. Quão interessante seria perguntar a cada português, quanto bocadinho de honra sem ser ofendida é que ainda lhe resta.






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