sábado, 11 de maio de 2013

O que eu leio #5

E pronto. Já li. Eu bem que tentei que durasse mais tempo, juro que sim. Mas não foi possível. Acordei, comprei o livro e devorei-o. Desde a primeira até à última página.
Ainda me lembro o primeiro texto que li do Miguel Esteves de Cardoso, era sobre o primeiro amor. Depois disso fiquei obcecada. Comprei o "Explicações de Português", comprei "As causas das coisas", roubei à minha mãe "Os meus problemas" e acho que, mesmo quando não queria muito, comprava o Público só para poder ler o que ele escrevia. E quando mais leio, mais gosto de o ler. 

Portugal tem um problema no que diz respeito aos escritores, e é por isso que normalmente sou tão pouco patriota no que diz respeito à literatura lusitana. O problema, o grande problema é que escrevem um livro mais ou menos e a partir daí é sempre a dar cambalhotas. E depois, depois qualquer um pode ser escritor. E não é preciso ser um grande leitor para perceber que isso não é bem assim. Há excepções, claro que sim, existem em todo o lado. Há o Lobo Antunes, há o Saramago, há o José Luís Peixoto e os clássicos. Mas desses tive que aprender a gostar. Tive que ler muito antes de gostar, antes de perceber Lobo Antunes. A minha primeira aventura foi "Memória de elefante" e mesmo assim só o podia ler em casa, porque não o entendia sem o dicionário. Tive que ler muito antes de me habituar a Saramago. Ler, ou saber o que ler, dá trabalho.  Constrói-se, aprende-se. Há o luto do livro que se adorou e o desgosto do livro que mais valia nunca ter sido aberto.

Mas com MEC as coisas foram diferentes. É uma leitura excepcional. Ainda me lembro de como me ria, sorrateiramente, enquanto lia "O amor é fodido". Foi o único livro que li com a certeza que o deveria ter feito uns anos mais tarde. 
Os seus textos fascinam-me, e têm em mim um efeito mais ou menos devastador. Sempre que o leio penso "porque raios não pensei eu nisto". A genialidade da sua escrita enche-me de inveja, rói-me por dentro mas não me defrauda, nunca me defraudou.

Não posso explicar como gostei deste livro. Teria que pegar em todas as crónicas e copiá-las. Mas então deixaria de fazer sentido. Há um certo tipo de genialidade que só se conhece quando se experimenta.







1 comentário: