Por ter uma família daquelas consideradas de crianças, há sempre um puto a nascer, com mais ou menos anos de intervalo, o conceito de casa cheia, festas com guloseimas, migalhas por todo o lado e berros estridentes que convidam os adultos a irem conversar para outro lado, é verdade absoluta. Com mais ou menos sapatadas, mais ou menos castigos e mais ou menos boas educações, as crianças lá de casa sempre foram equilibradas. Quer dizer, não há nenhuma a ganhar milhões por ano, a ter a sua própria linha de roupa, maquiagem, com dentes falsos, cabeleiras e sapatos de salto alto. E por mais que tente encaixar isto, a verdade é que estou a ter uma dificuldade enorme. E diz-me, algures por aqui, este meu bom senso, que as crianças têm apenas uma coisa com que se preocupar: ser isso mesmo, criança - que lá no mundo deles deve dar muito trabalho.
E esta conversa toda vem a propósito de quê? Pois muito bem. Ontem conheci uma menina americana, através das notícias e dos jornais, espanhóis e portugueses, que participa em concursos de beleza. Melhor dito: ontem conheci uma mãe, que inscreve a sua filha em concursos de beleza. E digo, é um mundo impressionante. Entre produções dignas de concurso Miss Mundo, a verdade é que parecem adultas num tamanho estranho, mesmo com os tacões, com o batom e os dentes todos, não há magia nenhuma que as faça ter corpo de mulheres. E os sorrisos são assustadores.
Esta menina, Isabella Barrett, tem 6 anos e já venceu mais de 50 concursos. Com uma linha própria de maquiagem e roupa tem uma fortuna avaliada em 1 milhão de euros. Nas suas entrevistas, com pose de estrela, e segurança própria de quem já trata as câmaras por tu, diz que não come hamburgueres nem gosta de batatas fritas: nos hotéis de 5 estrelas, os pedidos são bem mais gourmet, tem preferência por lagosta.
Quando lhe perguntam se gosta de fazer o que faz, responde "o que há para não gostar?".
Não sou mãe mas pretendo, um dia destes, trazer uma criancinha ao mundo. E com as poucas certezas que tenho da vida, com essas parentalidades positivas e teorias sobre psicologia infantil, a minha cria terá tudo que lhe pertence por direito: brincadeiras na lama, buracos na boca pela falta de dentes em forma de baliza, sapatos sujos, nódoas por todo o lado e brincadeira, muita brincadeira.
Nãnã, adorei!
ResponderEliminarbjs