Sou daquelas pessoas que foge de multidões - isto deve-se à minha estatura que dá um jeitaço para umas coisas mas que, para confusões humanas, não é o melhorzinho que os meus pais me deram. Nem sequer posso culpar a genética, todos crescem e eu vejo-os a passar por mim.
Continuando, insatisfeita. Pois somos. Estamos e devíamos estar noutro sítio, não estamos e queríamos estar. Estamos e se calhar até nem era preciso. Não estamos e precisávamos estar.
Isto não é um síndrome portuga. É um síndrome humanóide. Eu queixo-me, é certo, mas quem-não-se-queixa?
E nem precisamos levar isto para o negativo. Ora vejamos: tenho um carro mas queria aquele, aquele outro. Pedi isto para o almoço mas o teu, é o teu que tem melhor aspecto. Comprei estes sapatos, mas são aqueles outros doze pares que eu queria (beicinho). E sobre o tempo? Acho que o tempo, se fosse uma pessoa, seria esquizofrénico e sofreria como um porco prestes a entrar no matadouro por tudo o que dizemos dele: "ai que frio", "ai que calor", "que saudades das botas" "nunca mais vem o calor", "não se aguenta o sol", "nunca vivi um inverno como este", "o sol este ano está a queimar a sério", "já não chovia assim há anos". Esquizofrénico seria pouco.
E cada vez mais acho que fazemos isto de propósito. O que seria de nós se perguntássemos aí ao vizinho: "então, tudo bem?", e em vez de um: "vai-se andando", recebêssemos um efusivo, quase a roçar a loucura: "wassuuupppp? Tudo espectacular".
Deixaríamos de dar importância à insatisfação e passaríamos a tentar ser os mais felizes do mundo. Ou iguais uns aos outros mas mais felizes na mesma. Deixaríamos de parte o mais ou menos e passaríamos a querer ou o mais ou o menos. Esse meio meio deixava de interessar. Ou não?
Minha querida, coo sempre....soberbo! <3
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