quinta-feira, 11 de julho de 2013

Portugal, era, Portugal

Ultimamente ando sem vontade nenhuma de escrever sobre Portugal. Se o imagino tenho sempre a sensação de que anda perdido, cansado e sem força. É que a luz ao fundo do túnel é a luz que indica outro túnel. 

Saí daí sem lhe desejar nada de mal. Antes pelo contrário. Tenho dentro de Portugal família, amigos e pessoas a quem quero muito bem. Uns que sei que vinham embora, se pudessem, outros que não trocam o mar, as pessoas, o rio, os sotaques, o sol e a chuva por nada deste mundo. Como se Portugal fosse o perfeito imperfeito que sempre quisemos só para nós. Mas esse perfeito imperfeito está abandonado porque foi abandonado pelas gentes, pelas gentes que o fazem e que sempre o fizeram. 

Quem saiu, como eu, deixa-se levar, sem querer saber muito, sem discutir, sem vontade de indignação. Quem ficou, está morno, está preocupado consigo e vai vendo "no que isto vai dar". 

Ontem esperei, ansiosamente, pelo discurso de Cavaco Silva. E a internet bloqueou. De repente só via a imagem estática, no ecrã, com umas legendas quaisquer que agora mesmo não me lembro. Restou-me ler as notícias que iam actualizando conforme o PR ia falando. E claro, o resultado foi mais ou menos o esperado. Entendimentos, acordos, governo tri partido e tri partilhado. Uma solução morna, de quem deixa Portugal governar-se a si mesmo, mesmo que não seja uma pessoa, mesmo que seja um país, anímico, que espera a sua gente. 

Cavaco Silva não sabe ser pai, nunca soube. Deixou-se levar pelas birras, fez com que não tivessem importância. Preferiu que os três outros se entendessem, como se os tivesse fechado num quarto. E, se por acaso, isto acabar de pernas para o ar, a culpa nunca será sua, porque fez o melhor que podia. E fazer o melhor que podemos, quando esse melhor não existe, é o mesmo que que encolher os ombros e deixar andar. 

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