sábado, 27 de julho de 2013

Tristeza, tratemo-nos por tu

Ontem acabei a noite triste. E tu, que lês isto, vais provavelmente dizer-me que nada merece a minha tristeza, que é só uma, só uma fase, que tenho que sair e distrair-me, que tenho que deitar a tristeza para trás das costas, que tenho que esquecer, fingir, nem sequer pensar muito no assunto. 
Que tenho que ir dançar, cantar, sorrir e fingir que abraço. 

Não. 
Porque a tristeza tem força, tem significado. Tem tanta força, tanto significado, importa tanto como os meus sorrisos, como os teus sorrisos, importa tanto como a felicidade, como a calma, importa tanto como o melhor momento da vida. Porque é também pela tristeza que cresço, porque é a tristeza tão legítima, tão verdadeira como a felicidade. Não preciso disfarçá-la nem tirar-lhe o ar, para que possa fingir que não está lá, que desaparece, que afinal foi só um engano, que afinal não estava triste. 

Prefiro enfrentá-la. À tristeza. Preciso dizer-lhe que venha, as vezes que quiser. Porque há dias assim, em que não quero dançar, cantar, sorrir e fingir que abraço. Porque há dias em que sorrio à minha tristeza e ficamos as duas, a pensar o que vamos fazer uma com a outra, sem mais ninguém, porque estaria esse alguém a mais. 
E sempre com o mesmo objectivo, esperar que passe em vez de a esconder, para que nunca me possa apanhar desprevenida.

8 comentários:

  1. Oh boneca deixa lá,isso passa,

    ResponderEliminar
  2. Não diria melhor Ana. Há dias assim. E como dizes, fazem parte e temos de aceitá-los como são. Afinal somos feitos de alegrias, tristezas, sucessos e derrotas. O carácter vai-se moldando com a nossa experiência de vida e tudo contribui para a pessoa que somos.

    Beijos,

    Luís Alpoim

    ResponderEliminar
  3. Adorei o texto, querida! Muito honesto!
    Tenho pena que com a distância não me tenha apercebido. Mas às vezes é mesmo para ser assim, é só entre nós e ela.
    Beijo grande

    ResponderEliminar