terça-feira, 17 de setembro de 2013

Outros

Há muita gente que me pergunta como tenho tanto tempo para lidar com os problemas dos outros e tão pouco para resolver os meus. A resposta parece-me tão simples: os meus problemas incomodam-me, os dos outros, nem por isso. E depois, bem, depois sou uma pessoa de pessoas. 

Não gosto de me isolar, de me alhear ao mundo que está aí, ali, aqui, bem à minha volta. Não gosto de ser só minha, nem gosto que os outros sejam só dos outros. E chamar-lhes outros, não é redundante. É que os outros, mesmo sendo outros, são meus. Porque sei que eu, só comigo, acabo por ser muito pouco. 
Gosto de desfrutar de uma amizade pura. Gosto de saber com o que conto e de mostar aos outros, os meus, com o que podem contar. Não é uma questão de dias melhores, de dias piores, de paciências horárias ou de curiosidades insanas que atendem o telemóvel quase sozinhas. 

Darmos a nossa parte, chamemos-lhe disponível, custa. 
Quantas vezes não me apeteceu desligar, despedir-me sem justa causa de amizades que me tiram mais do que me dão, trocar a tradição da amizade longa pela esplanada com outros novos que ainda não contam problemas. Não porque não os tenham, mas porque ainda é cedo. 
Custa, mas vale a pena. Porque depois, os sorrisos dos outros, também são meus. Um bocadinho meus. Porque mesmo sem obrigada, obrigado, sem gestos, sejam estes quais forem, são outros que me pertencem. Ou melhor dito, sou eu, mais completa, que pertenço a outros. Porque sei, se sei, que sem os outros, seria metade do que sou. E não gosto de metades. Andam sempre perdidas, à procura do outro lado. 

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