segunda-feira, 20 de maio de 2013

Cabelo meu, cabelo meu

Durante quase toda a minha existência, como ser pensante, tive o cabelo comprido. Excepto uma vez em que me pagaram para me cortarem o cabelo. Experiência a não repetir: auditório, cheinho de monstros de cabelo - vulgos cabeleireiros -  que soltam um ahhh quando vêm o meu (cabelo) a ser cortado sem dó nem piedade, alegadamente com o objectivo de aprenderem as tendências para o ano seguinte. Isto são coisas que se fazem quando queremos ser independentes, mesmo quando não o somos. 
E depois nunca tive pais castradores, que me obrigavam a andar de franja e moldura facial. Sempre me deixaram escolher o que eu achava que me ficava melhor (excepto quando, no outro dia, há meia dúzia de meses, a minha mãe me perguntou se eu ia mesmo sair assim de casa e que o meu pai não ia achar piada nenhuma).

Pois sim, ao que viemos. Há quinze dias, mais coisa menos coisa, cortei o cabelo. Não foi cortei o cabelo, é corteeeeeeiiii o cabelo. E raios, não sabia no que me metia. Já andava a matutar há algum tempo sobre este assunto. Nestas coisas sou ponderada - ou se calhar não. E achei que, se cortasse, só iria ter vantagens: ora dizem-me que por ser baixinha (ei) não posso ter o cabelo demasiado comprido, dizem-me que dá menos trabalho se estiver curto, e eu pensei que me iam dar menos vezes 18 anos se deixasse a melena de lado e cortasse uns valentes centímetros (devia ter perguntado à segurança do aeroporto que me perguntou se eu era maior de idade, o que é que a levou a fazer essa pergunta).

E isto é tudo mentiraaaaa. Tudo. Além de que foi a cabeleireira que me convenceu. Porque o meu espanhol é manhoso e porque estava a sofrer de algum síndrome estrela de hollywood naquele momento. 
Mas pronto, cortei. E saí de lá i-m-p-e-c-á-v-e-l. Não deixei que me enganasse com os seus truques de cabeleireira armada com secador todo potente que ninguém tem em casa. Pedi que me desse só uma secadela. Até aqui tudo bem. Achei durante uns minutos que toda a gente olhava para mim e pensava que eu era uma idiota porque ainda há 30 minutos tinha um cabelo enorme cheio de euros em tratamentos, e óleos, e máscaras e tudo e tudo e tudo. Mas tudo bem. 

Agora!, o que realmente me chateia é que não, não meus santinhos, ter o cabelo curto não dá menos trabalho do que ter o cabelo comprido. E se estão a pensar cortá-lo, paaaarouu. Porque dá mais trabalho. Eu e o secador temos agora uma amizade diária, que se vai construindo mesmo sabendo que, um dia, o fim está à vista, e esse dia será, quando puder fazer um rabo de cavalo decente sem parecer que tenho uma esfregona no cucuruto da cabeça. É toda uma relação matinal: eu, o secador e a escova. 

Depois, essa coisa de parecer a idade que tenho é a maior fraude que já ouvi. Vou começar voluntariado com crianças e a primeira coisa que a responsável disse quando me viu foi: "ai, que vai parecer mais um dos nossos meninos."  Sim senhora, que bonito. Nunca na vida chegarei, à primeira vista, parecer 28 anos. Conformo-me com isso porque a vida vai-me regalar uns lindos 40. Mas tudo bem. 

Espero que me salves, meu cabelo curto, dos 40 graus que por aí virão. Ou deixo-te crescer para sempre, sem dó nem piedade, nem tesouras.


1 comentário:

  1. Ahahahaha!!!!!
    Adorei Nã, agora vejo quando aí for....
    Beijos

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