quinta-feira, 6 de junho de 2013

O álcool por aqui, nos menores

Os pais das crianças aqui em Espanha estão tramados. As bebedeiras dos filhos vão começar a pesar na carteira. É esta a proposta do governo espanhol: mais do que uma vez, num serviço de urgência, por coma alcoólico, toca a pagar multa. Se forem menores, claro.

O governo avisa: as crias, aqui por estas terras, começam a beber desenfreadamente a partir dos 13 anos. Mais de metade das pessoas com comas etílicos que dão entrada nos hospitais, são menores de idade. Em 10 anos, estes números multiplicaram-se. As reportagens são de arrepiar. Quando se lhes pergunta o porquê de entrarem nesta vida mundana em tão tenra idade normalmente as respostas são generalizadas: I) para se sentirem mais à vontade; II) porque é cool; III) porque todos os amigos fazem.

Que os pais sejam responsabilizados pelo que os filhos fazem, parece-me que sim. Estar aos 13 anos, na rua, a horas indecentes, a beber sem parar, parece-me que não. Pôr uma criança no mundo pressupõe toda uma responsabilidade que, por vezes, é mais fácil ignorar e deixar andar. Pagar uma multa e ficar por aí, tenho dúvidas, sérias, que resulte. Ou pelo menos que responsabilize miúdos e graúdos. 

Não sou mãe mas sou filha, tia, tia emprestada, madrinha, prima e isto chega-me para ter alguma ideia de como as coisas funcionam. O papel de filha ensinou-me mais do que poderia alguma vez supor, ensinou-me limites, quais posso e quais não posso ultrapassar. Eu explico: o simples facto de os meus pais sonharem que eu alguma vez entraria num hospital por coma alcoólico, seria motivo suficiente para repelir qualquer tipo de álcool nos teeeeemmppoooosss mais próximos. E isto é só uma desculpa para perceber que o equilíbrio começa dentro de casa. 

Consumir álcool aos 13 anos é assustador, consumir álcool repetidamente, aos 13 anos, é um problema sério. E multar os pais? Os que legalmente são responsáveis pelos filhos? A resposta não pode nunca fugir ao cliché. É um elemento dissuasor, claro. Mas não educa. Não forma. Criminaliza. 

Suponho que se esta proposta segue para a frente, os amigos dos que bebem, vão deixar de chamar ambulâncias, de ir aos hospitais, vão proteger, vão achar que estão a proteger. É uma medida que não protege as crianças que bebem, nem educa os pais que pagam a multa. 

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