domingo, 7 de abril de 2013

E eu que nunca gostei muito de novelas.

Desculpem-me desde já este post. Desculpem-me os mais sensíveis aos palavrões, os mais sensíveis às palavras escritas sem filtro, desculpem-me os que querem que pare de escrever sobre este estado nosso, de mais de nós, perdidos, que precisam fugir do mundo, para outro mundo.

Ultimamente conversar com amigos meus é uma merda. São conversas que me fazem querer dizer tantos palavrões e talvez inventar alguns para poder descrever de uma forma mais realista o que realmente se passa. Salvam-me da insanidade mental os que estão bem, os que engravidam, os que fazem o que gostam, os que têm a mais mínima estabilidade. Porque, de resto, bem, de resto, a merda é o que menos ofende mas o que me faz libertar um bocadinho este misto de incompreensão e realidade que não me apetece ver mais.

Tenho amigos do outro lado do mundo, tenho amigos a quem lhes tiraram tudo, tenho amigos que vão respirando, tenho amigos que já não percebem bem, que já não sabem porquê. Na qualidade de amigo cabe também a de família. E não, não são esses que não querem trabalhar, não são esses que querem um emprego de espreguiçadeira ao sol, nem os que correm atrás dos subsídios, das gorjetas e dos tachos. Não são os sonsos, qualidade que me faz sair de mim e discorrer o dicionário português, enumerando, um por um, as palavras maravilhosas que a nossa língua nos permite.
São os outros.
Os que saíram e procuram. Os que tinham, e agora já não têm. Os que precisam e não conseguem. Nem eu mesma me acredito que conheço cada um destes.

E continuamos. Continuamos a brincar às políticas, ao circo que é governar um país. Continuamos a aturar funcionários públicos com empregos eternos que nos fazem sentir o penetra na sua casa sempre que precisamos de alguma coisa. Continuamos com as queixas lamuriosas sem percebermos que a crítica pode ser positiva. Continuamos com as reformas relâmpago-sem-grandes-explicações-para-não-parecer-mal. Continuamos sem poder despedir porque a indemnização nos corta o orçamento astronomicamente. E continuamos a gostar de novelas. A diferença está agora nos actores. Deixamos o Brasil, e focamo-nos em nós. Nos triângulos amorosos que se vão culpando à vez em horário nobre, com 3 canais nacionais a facilitarem o palco.


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